Embora algumas vozes afirmem que a madeira não é tão importante para a sonoridade de uma guitarra elétrica Solid-body, como o é para um instrumento acústico, os luthiers das grandes marcas vão afirmando o contrário e provam-nos que cada tipo de madeira tem um som natural e que esse influencia a sonoridade final do instrumento.
Será? Vejamos!
Ao golpear uma tábua de freixo, mogno, jacarandá ou amieiro, notamos que soam de maneira diferente. Obvio que esse som não tem influencia na captação do pickup, mas se essas madeiras emitem sons ao serem golpeadas, é porque existe vibração, ora, é essa vibração que é transferida a todas as partes do instrumento e em particular às cordas que atuam sobre os pickups e podem ter mais ou menos sustein, logo, o tipo de madeira tem interferência no som.
Por esse motivo fabricamos as nossas guitarras manualmente da melhor madeira, com o cuidado de quem manuseia algo único que fará parte das nossas vidas durante muitos anos. Prometemos que não encontrará duas das nossas guitarras iguais, não são gotas de água, são objetos de arte, peças de coleção que ganham vida e têm uma alma, uma voz; respiram!
Com base nesta minha teoria, escolho as madeiras a utilizar em cada guitarra e o nosso som é quente e vivo, melhorando com o tempo, como uma boa garrafa de vinho português.
Para os corpos das nossas guitarras utilizamos, na sua maioria, madeiras de Freixo ou Mogno, embora tenhamos já construído em Cedro africano, Faia, Amieiro e Tília com excelentes resultados
Segundo o projeto, por vezes também é necessário combinar tipos de madeira. As madeiras, também esteticamente, são parte importante num projeto e certamente, na minha opinião, farão a diferença.
Consta que a característica do Freixo é o de um som estridente, com agudos bem definidos e abertos. A Fender, desde as suas origens, a utiliza como uma das suas madeiras icónicas.
Para as nossas guitarras recorremos a esta madeira, mas temos uma abordagem diferente, geralmente construimos com o Freixo guitarras equipadas com Humbuckers para equilibrar tonalidades.
Já o Mogno, muito utilizado por marcas como a Gibson, tem um timbre suave e aveludado e pode, em muitos casos, combinar na perfeição com o Freixo. Tudo depende do que queremos obter.
Sendo o braço a parte mais crítica na construção do instrumento, devido à tensão das cordas, este deve ter características de estabilidade e densidade especiais, como os anos de secagem e o peso médio (a seco), que deverá ficar acima dos 600 kg/m3.
As madeiras de Bordo, Mogno, Bubinga ou Cedro Africano são as usadas na generalidade dos braços das nossas guitarras.
Quanto à escala, utilizamos por norma a madeira de Jacarandá, Bordo ou Ébano, embora outras possam vir a ser utilizadas.
Sempre e cada vez mais vamos ao encontro do reaproveitamento e se nos cruzarmos com uma madeira centenária resultante de alguma demolição, iremos testá-la e a deixaremos naturalmente exibir a sua idade no corpo de uma das nossas belas peças. O que nos move é mesmo a arte e a valorização das peças que construímos, pois se a beleza natural dos veios de uma bonita madeira é uma bênção, cobri-la de tinta opaca e verniz é quase um “sacrilégio”.
Acreditamos que grossas camadas de pintura e verniz Poliuretano ou Nitrocelulose, embora usados, nem sempre são a melhor opção, daí termos investido num meio-termo e procurarmos deixar as nossas guitarras tão naturais quanto possível, é o caso da série Raw Series Prof. - Artesanais, rústicas! Como já as apelidaram, mas é assim que as construímos… e com muito gosto!
É portanto para nós importante deixar a madeira respirar e que ela mostre a sua beleza, para que se possa sentir o pulsar natural de cada veio que um dia deu vida a uma árvore.